“É de assinalar igualmente que com certos pacientes se torna notório que não são propriamente as palavras ditas que influenciam a comunicação entre paciente e analista, mas preferencialmente o eco do estado anímico.
A comunicação não verbal funciona, para alguns pacientes, como um esconderijo onde, metaforicamente, se abrigam — uma forma de ‘retraimento psíquico’ (Steiner, J., 1993) —, e onde dificilmente podem ser encontrados. A propósito desta questão, Irma Pick (2018) salienta que alguns pacientes só escutam o estado de espírito, a tonalidade ou musicalidade da relação, mas não
são capazes de ouvir verdadeiramente as palavras do analista. Para esta autora, o humor e a atmosfera da comunicação podem ser muito mais importantes do que as próprias palavras. Também neste mesmo sentido, Betty Joseph (1975, 1988, 1992) mostrou como na clínica podemos ser enganados pelas palavras do paciente se não tivermos atentos aos afectos que circulam na relação.”
Maria Fernanda Alexandre em “A escuta analítica e as suas vicissitudes” - Revista Portuguesa de Psicanálise Vol. 40
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