“O luto das imagos parentais será então, conforme propôs Dias Monteiro (1979), o primeiro organizador neste processo de separação-individuação.
A perda e desidealização das imagos parentais exige, como todo o trabalho de luto, um desinvestimento libidinal do objeto perdido, resultando daí um relativo esvaziamento narcísico do Eu, uma quebra da autoestima.
A púbere sente-se particularmente fragilizada, desprotegida, pois o suporte e controlo que lhe vinha das imagos, que faziam parte dos valores com os quais se identificava, estão postos em causa. Foi decepcionada pelos pais tal como os vê agora, mas teme decepcioná-los. Vive o conflito de abandonar mas teme ser abandonada. A culpabilidade e a vergonha acompanham-na e fazem-na oscilar entre ataques e tentativas de reparação, exibindo grande instabilidade emocional. A oposição e rebeldia escondem a dependência. (…)”
Celeste Malpique in “O Fantástico Mundo de Alice” 2003 (Pg 41)